Duas semanas atrás, ainda era apenas um dos cenários possíveis. Hoje, por conta do coronavírus, é apenas uma realidade difícil de ser encarada. A Holanda toda está em quarentena, ou no mínimo, deveríamos estar. Não é um lockdown, não é um filme do Will Smith. É apenas uma orientação oficial do governo para ficar em casa e evitar a transmissão do vírus de uma pessoa para outra.
Contiuamos seguindo à risca tal orientação. Ainda bem que eu, assim como minha esposa podemos trabalhar de casa. Mas trabalhar em casa com duas crianças mais novas do que 4 anos é sinônmio de que o único trabalho a ser feito é o trabalho de pai e mãe. Por isso, longos turnos. O dia tem 24 horas e são pelo menos 12 horas sendo pai e mãe (se é que da para parar de ser pai e mãe nas outras 12 horas) e as outras 12 horas distribuimos entre as tarefas de manutenção da casa, trabalho e dormir. São dias interessantes, para não dizer outra coisa.
O que nos intriga é pensar por quanto mais tempo essa será nossa rotina. O governo diz que a quarentena vai durar até o dia 28 de abril. Eu pessoalmente duvido. Acho que estamos apenas no começo. Não haverá Dia do Rei (no dia 27 de Abril), muito menos Keukenhof. Todas atividades como festivais e outras que aglomeram pessoas estão proibidas até o dia 1 de Junho de 2020. Será um ano que passará em branco, literalmente. Será melhor esquecermos que exisitu. Pelo menos em parte, há algumas reflexões que vamos levar conosco. Espero.
Eu estou refletindo muito, e pensando o porquê disso tudo. Pois deve sim haver um sentido muito profundo nessa situação horrível que nos encontramos. Por que o vírus chegou assim, com tanta força? E se ele pudesse falar? Sim, e se o coronavírus estivesse aqui e pudesse falar, “lavar a roupa suja” com a humanidade e fazer a gente refletir a maneira que nós estamos regredindo em vez de evoluir, de como nós tratamos o planeta que vivemos, pior ainda, como nós estamos trantando uns aos outros por conta de posição política, religião, coisas do dia a dia. E se esse tal vírus nos fizesse refletir sobre as guerras (lembra o que estava acontencendo entre Estados Unidos e Irã – você ainda lembra daquele avião com civis sendo derrubado por um míssel iraniano?), do nosso egoísmo e egocentrismo extremo com todas nossas redes sociais, da nossa dose diária de hipocrisia, e o pior, o pouco tempo que nós dedicamos as nós mesmos e as nossas famílias.
Esse vírus é cruel. Ele não faz nenhuma acepção de pessoas. Não olha para cor da pele, classe social, religião e muito menos para qual ideologia política você tem mais afinidade. Ele é um vírus. Não pode falar, não com letras e voz, mas a mensagem está clara. A ação dele está custando e vai custar vidas. E a reflexão que ele trás é que precisamos mudar o rumo que estávamos dando para a humanidade. Estamos isolados e estamos notando o quanto a única coisa que é importante nisso tudo é a vida. Nós todos somos iguais, não há distância física, estamos todos conectados, precisamos ser coletivos e permanecer coletivos enquanto o vírus passa, e também quando tudo isso acabar. O vírus criou um sentimento de proximidade com o próximo, empatia, uma colaboração entre pessoas em um período muito curto, algo que já não notávamos mais na sociedade. E isso deverá (ou deveria) durar para sempre. Eu acho que estamos mudando, algumas pessoas já entenderam a mensagem outras estão absorvendo a nova realidade. O novo normal será, viver a vida da maneira mais simples possível. Caminhe, respire profundamente, faça o bem, aprecie a natureza, faça tudo que você gosta de fazer.
Viva a vida como se não houvesse amanhã com a responsabilidade de quem fosse viver para sempre.
Não deixe o seu antigo-eu, individualista, egocentrista voltar quando o vírus se for. Trate o mundo melhor, dê atenção para aquilo que é importante.
Vamos todos nos preparar para o novo normal que viveremos a partir de agora. Juntos.
Hugo Pereira